Uma mulher asiática segura espelho enquanto faz maquiagem.

As suas conquistas estão intimamente ligadas a sua autoestima

Segundo pesquisa do IBGE “Estatísticas de Gênero”, divulgada em março de 2021, o nível de escolaridade das mulheres brasileiras é mais elevado do que os homens. Para a população com 25 anos ou mais com ensino superior completo 19,4% são mulheres e 15,1% são homens, 29,7% das pessoas que frequentaram o ensino superior são mulheres, apenas 21,5% são homens. Porém, esses dados ainda não são refletidos no mercado de trabalho. Apenas 37,4% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres os outros 62,6% são ocupados por homens. Essa taxa é ainda menor quando falamos de vida pública e toma de decisão, no Brasil somente 14,8% dos parlamentares são mulheres.

Em maio deste ano a revista QG Brasil divulgou a seguinte pesquisa: apenas 3% dos homens se acham feios. Para mim isso explica muita coisa, pois acredito que a nossa autoestima e autoconfiança estão intimamente ligadas as nossas conquistas. Em conversa com uma amiga em transição de carreira, ela compartilhou comigo que tinha medo de expor, de se vender, de mostrar que estava começando uma nova carreira pois ainda não havia colecionado “nenhuma conquista”. Detalhe: ela fala inglês e francês fluente, é formada em administração e mestre em sociologia, além de vivência e experiência profissional de sobra.

Contudo, não consegui parar de pensar no quanto essas duas pesquisas podiam estar intimamente ligadas. Disse e repito, acredito que a nossa autoestima e autoconfiança estão intimamente ligadas as nossas conquistas. Diante desses dados deixo as seguintes reflexões: Como uma mulher com títulos, experiência e idiomas, não consegue se achar suficiente? Como nós mulheres vamos ocupar cargos e lugares que a gente nem sequer acredita que podemos ocupar? Mesmo tendo competência para tal. Visto que temos as ferramentas (escolaridade maior, por exemplo), o que devemos fazer para diminuir essas diferenças?

Pressão estética e culto à beleza

Outro ponto que me fez refletir é sobre a pressão estética que nós mulheres, por conta da sociedade em que vivemos naturalmente sofremos. Pressão essa que além de roubar a nossa atenção, também rouba parte de nosso orçamento. A jornalista Nami Wolf, em trecho de seu livro “O Mito da Beleza”, no diz:

“Porque o culto à beleza e à juventude da mulher é estimulado pelo patriarcado e atua como mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica a partir dos anos de 1970.”

Nós naturalmente estamos muito mais preocupadas com a nossa aparência do que os homens. Afinal, sempre precisamos emagrecer pelo menos 3 quilos. Como vamos ocupar cargos de liderança se nunca somos boas o suficiente?

Deixo aqui essas perguntas, perguntas que continuarei me fazendo, pois ainda não tenho todas as respostas. Certamente, a única conclusão que eu cheguei foi essa: Que tenhamos a autoestima e autoconfiança de um homem.


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